8.10.07

Aos poetas, Libertinagem!


Quando me vi libertino
no traquejo das letras
desisti de ser o poeta feroz
das verdades inflamadas
a recitar em plena praça
a dor do mendigo
do desvalido
agredindo públicos ouvidos
com versos vomitados
incompreendidos.

Nem nunca movi
palha alguma
articulações espúrias
para tornar-me
porta-voz
de rubros partidos
soando alto
horrorosos hinos
tal fossem
suado clamor
de um povo sofrido.

Preferi a alegria
e a tristeza
introspectivo
porque enquanto poeta
não me faz sentido
fazer da pena leve
pesado martírio
fazer de meus versos
discurso apocalíptico
pois não tenho força
nem disposição
para trilhar sonoras
trincheiras.

E quando desço
inteiro
de um muro repartido
- entre panfletos partidos -
ergo no ar
soberbo
sem armas, sem gritos,


Manuel, minha bandeira.