Canção do amor deflorado
Com o andar indolente
levemente excitado
de um plebeu apaixonado
passeio atento
por ilustríssimas quadras
dos bairros nobres da cidade
onde ainda sobrevivem jardins
repletos de vida
cercados de grades.
E não há grade
que me separe
do grande ato infrator:
minhas mãos ligeiras
entre ferros
furtam de fatal delicadeza
as privatizadas flores
dessas suntuosas moradas
que de tão envolvidas
sobre si mesmas
nem percebem os hiatos
que espalho à beira dos jardins.
Dado a exageros
não restrinjo
tais ornamentos
ao pequenino espaço
de um bouquet
até porque
o tanto que tenho
de flores seqüestradas
dentro do meu quarto
não há bacia
jarra ou vaso
que as guarde
bem arrumadas
tal fosse meu lar
a sua casa.
Por isso venho a tua porta
suado de um muro escalado
às tontas
com o peso sutil de pétalas
às costas
para dar-te um roubado jardim
como enfeite à tua escada.
E que este agrado
tornando-me criminoso
graduado
dê-me a esperteza
para realizar
o incontido desejo
de roubar enfim
teu coração
somente para mim.
levemente excitado
de um plebeu apaixonado
passeio atento
por ilustríssimas quadras
dos bairros nobres da cidade
onde ainda sobrevivem jardins
repletos de vida
cercados de grades.
E não há grade
que me separe
do grande ato infrator:
minhas mãos ligeiras
entre ferros
furtam de fatal delicadeza
as privatizadas flores
dessas suntuosas moradas
que de tão envolvidas
sobre si mesmas
nem percebem os hiatos
que espalho à beira dos jardins.
Dado a exageros
não restrinjo
tais ornamentos
ao pequenino espaço
de um bouquet
até porque
o tanto que tenho
de flores seqüestradas
dentro do meu quarto
não há bacia
jarra ou vaso
que as guarde
bem arrumadas
tal fosse meu lar
a sua casa.
Por isso venho a tua porta
suado de um muro escalado
às tontas
com o peso sutil de pétalas
às costas
para dar-te um roubado jardim
como enfeite à tua escada.
E que este agrado
tornando-me criminoso
graduado
dê-me a esperteza
para realizar
o incontido desejo
de roubar enfim
teu coração
somente para mim.